46
Canyon, 2012
Pino Castagna
Betão e aço corten
De aparência ambígua, “Canyon” expõe, de forma desconcertante, uma fratura que rasga a matéria da escultura para revelar uma interioridade orgânica (carne?). Todo o conjunto escultórico configura-se em torno dessa “ferida” que parece criar um magnetismo inquietante: por um lado desperta o desejo e a curiosidade de ver, inclusive tocar, por outro provoca sensações de repulsa, asco ou rejeição. Uma ferida-abismo que não deixa nenhum transeunte, mesmo que distraído, indiferente. De realçar ainda a relação inusitada que se estabelece entre a aparência exterior com grande pendor geométrico e o seu contraste com toda a organicidade irregular da parte interior da obra.
Trabalhando com materiais tão diversos como a cerâmica, o alumínio, a pedra, a madeira, o cimento, cordas ou ramos de árvores, Piño Castagna confere a cada um deles uma nova e original possibilidade expressiva, fruto das suas constantes experiências sobre as possibilidades plásticas do material, levando ao limite a sua resistência. Dedicando-se sobretudo à escultura, produz também trabalhos de pintura e design, sendo, no entanto, nas intervenções públicas à escala urbana que a aspiração arquitetónica e ambiental da sua obra se revela com maior plenitude.