MUSEU INTERNACIONAL DE ESCULTURA
CONTEMPORÂNEA

de Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura

2014/2015

Perante a necessidade de intervir no Museu Municipal Abade Pedrosa, instalado no Mosteiro de Santo Tirso, mosteiro beneditino classificado como monumento nacional, e precisando ainda de construir um espaço de acolhimento para o Museu Internacional de Escultura Contemporânea, decidiu a Câmara Municipal de Santo Tirso encomendar estes projetos aos arquitetos Eduardo Souto e Moura e Álvaro Siza, concentrando-os no mesmo local. A escolha fundamentou-se na experiência e excecional qualidade destes arquitetos demonstrada em projetos de espaços museológicos e em intervenções sobre edifícios e contextos de grande valor patrimonial. A decisão de concentrar os dois museus no mesmo local decorre da possibilidade de, deste modo, se pouparem recursos.

A primeira visita ao local foi feita no último dia do ano de 2009. Um dia frio e cinzento que fazia sobressair a austeridade monástica inicial da construção que o tempo e o uso foram encobrindo.

Esse foi o mote do projeto: toda a intervenção se centra na recuperação da essência do mosteiro e do contexto, muros, construções agrícolas, terrenos agrícolas, jardins, escadas, enquadramentos.

Juntar os dois programas permitiu criar um único átrio de acolhimento, a partir do novo corpo construído e assim reconstituir a simetria da fachada original, eliminando uma porta, aberta já no século XX por razões de adaptação funcional e duplicando a janela existente. A passagem entre o novo corpo e a ala do mosteiro, que se estrangula para se abrir, afigura-se como uma passagem iniciática para um espaço de contemplação, agora de um museu. O espaço surge depurado, limpo permitindo a sua leitura completa. O percurso museológico é construído paralelamente à galeria poente, a partir da interligação alinhada de todas as salas, o que lhe confere uma profundidade e dimensão nova. O projeto museológico concorre para o mesmo objetivo: os suportes afastam-se das paredes permitindo a leitura integral do espaço. Tudo o mais será cuidadosamente colocado de modo a não destruir o conceito original.

A ampliação, um paralelepípedo regular colado oblíquo ao corpo do mosteiro, funde-se com este num estreito (a já descrita passagem iniciática) e desafia no outro extremo a capela do Senhor dos Passos. Edifício branco, delicado que se fixa no lugar através de um sábio jogo de tensões: mosteiro, passeio, capela e cerca do mosteiro. Esta, a cerca, reconstituída para se adaptar às novas cotas, é responsável por um dos momentos mais impressivos do projeto ao configurar, em conjunto com a fachada norte do novo edifício, um percurso de grande efeito cénico.

O espaço interno, distribuído por um programa contido e de grande flexibilidade, surge rigoroso e claro. A desmenti-lo apenas a escada, desenhada e construída com uma eloquência formal que a aproxima de uma escultura, ou não seja este o edifício que acolhe o Museu Internacional de Escultura Contemporânea.