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Cubo, 2012
Jacques Villeglé
Betão e azulejo

Duvidando da utilidade do ensino que recebeu e perguntando-se para que serve a pintura, Villeglé abandona os estudos e decide, a partir do início dos anos 50, dedicar-se aos cartazes rasgados – décollage. Munido de um espírito vanguardista recusa, ao mesmo tempo, a abstração técnico-científica dos abstracionistas e as configurações biomórficas automáticas dos surrealistas. Interessa-se pelos papéis recortados de Henri Matisse (gouaches découpés), não só em razão do novo tipo de desenho assim engendrado, mas também por reação: enquanto Matisse cola, ele descola para chegar, finalmente, a resultados semelhantes. Esta sua necessidade de fazer da rua o seu atelier e de se ocupar do quotidiano da cidade, corresponde também a uma ideia de «contracultura» percetível durante os anos do pós-guerra em Paris. Villeglé escreveu, a propósito da sua abordagem: «O rasgar representa para mim um gesto primário, é uma guerrilha de imagens e de signos. Num gesto de raiva, o transeunte anónimo distorce a mensagem e abre um novo espaço de liberdade. Para mim, os cartazes rasgados aproximam a arte da vida e anunciam o fim da pintura de transposição…» e «Ser a testemunha ativa de uma humanidade rica em contradições é uma das minhas ambições. É o anónimo da rua que intervém sobre os reflexos da cultura dominante… Eu venho depois».

Baseado nestas convicções, Villeglé, encetou, com a cumplicidade artística de Raymond Hains, um modo de fazer que nunca mais abandonou até à atualidade. Se os seus primeiros trabalhos se focam sobretudo na tipografia dos fragmentos rasgados, a partir dos anos 60 o artista explora as cores e as formas, criando obras que revelam o seu interesse pela publicidade e crítica social, com um certo imaginário sexual e humorístico também presentes. Em 1960 assinou o Manifesto do Noveaux Réalisme [Novo Realismo], um movimento que se desenvolve em França, sobretudo em Paris, paralelamente à Pop Art americana e que se caracterizava pelos mesmos pressupostos de apropriação de imagens e objetos do quotidiano urbano para, através de colagens, combinações ou justaposições lhes dar novos significados. Interessado desde sempre pela tipografia e pela pesquisa gráfica, a partir de 1969 imagina um “alfabeto sociopolítico” onde as letras são substituídas por símbolos monetários, religiosos e políticos e com o qual cria obras de pintura e escultura, como é exemplo a obra de arte pública – Cubo – produzida para o 9º Simpósio Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso.

 

Cubo - Jacques Villeglé - IX Simpósio 2012

 

Cubo - Jacques Villeglé - IX Simpósio 2012

 

Cubo - Jacques Villeglé - IX Simpósio 2012

 

Cubo - Jacques Villeglé - IX Simpósio 2012

 

Cubo - Jacques Villeglé - IX Simpósio 2012

 

Cubo - Jacques Villeglé - IX Simpósio 2012

 

Cubo - Jacques Villeglé - IX Simpósio 2012

 

Cubo - Jacques Villeglé - IX Simpósio 2012