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Indução do Amarelo, 2001
Carlos Cruz-Diez
Azulejo e betão
O venezuelano Carlos Cruz-Diez pertence ao grupo de artistas que soube navegar no conturbado campo das artes do século XX, caracterizado pela confrontação dialética entre elementos opostos: o plano e o volume; a cor e o acromatismo; o estático e o dinâmico; o expressionista e o inexpressivo. Este artista, nascido em 1923, em Caracas, interessou-se pelos fenómenos de perceção provocados pela contemplação simultânea de figuras pintadas de cores diversas, habitualmente antagónicas. Estas experiências tiveram como resultado a criação de obras denominadas “fisiocromias”, constituídas de lâminas metálicas pintadas de cores vivas e saturadas que, quando contempladas por um observador em deslocação, provocam a ilusão ótica de movimento e iridescência. As três lâminas inclinadas, instaladas na Avenida Unisco Godiniz, quando vistas em movimento a caminhar ou a passar de automóvel, apresentam duas sequências de linhas – uma preta e a outra azul-cinzento – sobre um fundo branco. Quando estas se cruzam, provocam um efeito de seda ondulada. A vibração destas linhas, explícita no título da obra, é a indução da cor ausente: o amarelo.
Considerado um dos mais importantes investigadores do século XX sobre a cor, este artista venezuelano, desenvolveu uma obra com base na arte cinética dos anos 50 e 60, descrevendo as suas propostas como “Arte del Movimiento y Espacio reales” [Arte do movimento e espaço reais]. Com o seu trabalho artístico, ao qual está sempre inerente uma constante pesquisa e investigação, procurou expandir a noção do conceito de cor mostrando que a perceção de um fenómeno cromático não está dependente da forma.