A obra construída em Santo Tirso, por A-Sun Wu, em aço pintado de vermelho vivo, é marcadamente expressionista. A sua superfície lisa, desenvolvendo-se num plano vertical sem volume, assalta-nos como uma evidência fundamental contestando, assim, uma das características próprias da escultura tradicional. A cor vermelha, por outro lado, alude simbolicamente à lealdade e à virtude oriental, mas também encontra-se associada ao afastamento das energias malignas ou dos espíritos malvados; o gestual pode referir-se à arte da caligrafia chinesa e aos traços rápidos e elegantes da tinta-da-china aplicada com pincel.

Todavia, quando se olha para esta obra sob os raios do sol aparece-nos no solo uma sombra de contornos definidos que nos recorda a arte da tesoura, dos teatros de sombra chinesa, dos biombos e da ornamentação arquitetónica que durante séculos caracterizaram a essência da arte oriental.

Desde o início dos anos 90 a viver entre Paris e Taiwan, A-Sun Wu tem vindo a produzir um corpo significativo de trabalhos, sobretudo pinturas e esculturas produzidas com técnicas mistas, que se caracterizam pela vitalidade expressiva, pelo uso de cores vibrantes e formas geométricas fragmentadas com laivos de humor que, por vezes, se tornam perturbadoras. De realçar ainda o seu profundo interesse por manifestações artísticas primitivas, pelas máscaras e objetos de tribos africanas e outras culturas ancestrais, explorando sempre situações limítrofes entre o abstrato e o figurativo, entre o homem e o animal, entre formas concretas e símbolos.