Mantendo-se fiel à prática da pintura, Canogar cria também esculturas e desenhos, que seguem os mesmos pressupostos que investiga através da prática pictórica. Reflexo de uma constante inquietude, a sua obra oscila, alternadamente, entre uma estética informal, figurativa ou abstrata, mantendo como constantes as experiências que desenvolve com elementos como o gesto, a matéria (usa materiais como a madeira, o poliéster ou a fibra) e a cor.

Na sua obra realizada no âmbito do 10º Simpósio Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso, Canogar traz para a tridimensionalidade algumas das suas indagações em torno da composição no espaço e relações formais entre planos. Na transposição para a escultura, o autor, demite a multiplicidade cromática da pintura (reservada agora à cor intrínseca das matérias), para se dedicar com outra atenção às volumetrias, relações entre planos geométricos e estrutura. Participando do universo referencial ligado à abstração construtivista, as suas esculturas, onde se inclui a mais recente criada para Santo Tirso, exploram o dinamismo (pela exacerbação das diagonais), os planos fragmentados e a multiplicação de elementos que se vão apoiando para construir um universo com a sua complexidade própria. O trânsito entre o plano pictórico e as formas no espaço permitem a Canogar ensaiar estratégias que vão contaminando simultaneamente ambos os territórios.