A escultura de António de Campos Rosado compõe-se por duas cadeiras colocadas frente a frente, sustentando uma geometria delicada de sobreposições de pranchas de granito estratificadas por camadas topográficas que remetem na sua forma para uma montanha. Se numa primeira instância, a peça de Campos Rosado “humaniza” a natureza com que se confronta, proporcionando um jogo de escalas e desproporcionalidades (neste tópico não será de ignorar a possibilidade estratégica de relação visual com o Monte de Nossa Senhora da Assunção); por outro lado, as cadeiras esquemáticas, de estrutura metálica, remetem-nos para o espaço urbano da Praça, deixando-nos o conjunto escultórico numa espécie de charneira entre duas realidades que se complementam: a urbana e a natural.

Para além do jogo com o seu contexto espacial, o título da composição – A natureza, o amor e a tosse- desafia o espectador para um mergulho conceptual no labirinto das interseções semânticas entre a ideia de natureza, convocada pela representação maquetizada da montanha, o amor, trazida pela metáfora do diálogo íntimo e frontal entre duas cadeiras e a disruptiva tosse, que nos reenvia para a imagem de uma convulsão violenta, involuntária, desordenada e ruidosa.

António Campos Rosado nasceu em Lisboa, Portugal, em 1952. Em 1977 concluiu o Bachelor of Arts em Belas-Artes – escultura, na Bath Academy of Art no Reino Unido. No mesmo ano trabalha com Joseph Beuys na Documenta 6, Kassel, Alemanha, participando na Free International University, criada por Beuys como uma universidade gratuita com o objetivo de gerar novos modelos políticos, sociais, económicos e ambientais com base na socialização da arte e da cultura. Em 1979 trabalha com João Cutileiro no curso intensivo de escultura em pedra, Ar.Co, Lisboa, no qual é introduzido ao trabalho direto sobre a pedra com o uso de ferramentas elétricas.