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Adão e Eva, 2008
Michel Rovelas
Betão e ferro
Para Michel Rovelas o valor da obra de arte reside na sua capacidade de se tornar testemunho, impressão e reverberação do mundo, possibilitando, pela sua dimensão primitiva, um regresso às fontes, às origens ou, numa visão psicanalítica, ao útero. Apesar de ter vivido em Paris até 1968, o seu regresso a Guadalupe não foi apenas uma mudança geográfica, mas um confronto criativo com a história, com as tradições, com a cultura do seu país ou, em última análise, consigo próprio e com tudo aquilo que fez parte da sua construção como homem e criador. Admirador de vários artistas europeus das primeiras vanguardas, Rovelas explora as aparências, as perceções pormenorizadas do mundo, imbuído permanentemente de um espírito impressionista de caráter analítico.
A escultura – Adão e Eva – apresenta uma composição minimalista onde dois elementos geometrizados dialogam no espaço, esboçando dois movimentos que se intersetam de forma delicada. Desta forma e segundo o título, Rovelas convida-nos a revisitar a origem do homem, relatado no livro dos Génesis, segundo a tradição judaico-cristã. A união entre o homem e a mulher, criados por Deus, é aqui representada por dois elementos escultóricos em ferro, cuja forma, desenho e posição dão-nos pistas para compreender a identidade e o género de cada unidade.