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Família, 1991
Manolo Paz
Granito
Nascido em Pontevedra em 1957, Manolo Paz fez a sua formação artística nos finais dos anos 70 na Escola de Artes e Ofícios Mestre Mateo em Santiago de Compostela.
Desde o início dos anos 1980, a obra de Paz tem revelado um equilíbrio audacioso entre os conhecimentos elementares da técnica do talhe no ofício da cantaria e a consciência de uma autonomia artística que problematiza a pedra enquanto material de significação própria. A par deste traço identitário da sua atuação enquanto escultor, Paz faz centrar os seus interesses no valor da cultura autóctone – dos seus símbolos, signos, materiais (como o granito) – e pelo diálogo permanente com a memória dos lugares onde vai trabalhando. Nas suas obras a partir do início dos anos 90, onde “Família” se inclui, assistimos a sucessivas incursões, por parte deste escultor galego, numa gramática formal mais racionalista, apostando em jogos de equilíbrios, tensões, volumes repetidos, estabilidades horizontais em detrimento das verticais. Na sua escultura intitulada “Família”, Manolo mantém-se fiel aos pressupostos da sua linha programática, apostando numa composição onde a estabilidade do volume horizontal é conferida pela tensão entre dois blocos diagonais com inclinações opostas, radicalizando o seu vocabulário geométrico e explorando simultaneamente tanto a perfeição e frieza do corte industrial como a emotividade e valor telúrico das texturas produzidas pelos processos manuais.
Nesta relação de interdependência quase umbilical de volumes e texturas, Manolo Paz cria uma estrutura simples a partir da figura aproximada de um A maiúsculo invertido, fazendo do traço, que atravessa as duas diagonais, uma linha de Terra, deixando à abertura das duas outras linhas a possibilidade de definir uma moldura para a paisagem face à qual se coloca.
De salientar a presença discreta de marcas com que os antigos marcavam as pedras, sendo que, aqui, é a própria pedra que em si marca e pontua a paisagem.