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A natureza da pedra, 1991
Reinhard Klessinger
Granito, ferro e vidro
Todo o percurso criativo do escultor alemão Reinhard Klessinger toma formas e feições variadas, desde instalação, à escultura, ao desenho, ao filme ou à experimentação plástica em torno dos livros de artista. Companheiro de Alberto Carneiro, a partir de 1968, na pós-graduação em escultura na Saint Martins School of Art, Londres, Klessinger revelou desde cedo uma certa tendência para a experimentação com materiais contrastantes, como pedra, vidro, a palavra ou a imagem, como para a exploração dos limites da própria escultura tradicional, enveredando não raras vezes por instalações onde as pequenas perceções e movimentos do corpo poderiam ser motivo para organizar espacialmente, estruturar e conceptualizar uma obra. A peça múltipla que Klessinger apresenta em Santo Tirso prolonga uma prática consequente com anteriores intervenções em que se estimulam as relações entre materiais contrastantes – o ferro, o vidro e a pedra – elementos locais de ancestral memória, numa complexa relação que gera um espaço próprio e conduz a uma experiência simbólica do lugar.
Um pouco à maneira de um círculo iniciático, como nos cromeleques pré-históricos, onde se apresentam diversos “menires” ou pedras toscas dispostas verticalmente em círculos, elipses, retângulos ou semicírculos, associadas ao culto dos astros ou da natureza. Em “A natureza da pedra” o escultor germânico propõem-nos níveis de leitura diversos entre a representação do muro e a utilização de rampas em ferro e em vidro, experimentando contrastes e oposições, relacionando a brutalidade de uns elementos com a leveza de outros, restituindo ao conjunto uma espécie de atmosfera que remete para os lugares de rituais religiosos ou encontros tribais.