Trabalhando sobretudo com a pintura, Stämpfli é também autor de várias esculturas públicas monumentais, bem como de alguns filmes, práticas onde explora as mesmas temáticas presentes na sua pintura. Representativa da Pop Art europeia, a sua obra carateriza-se sobretudo pela ampliação em grande escala de objetos ordinários do quotidiano, pintados em telas de grandes dimensões, e cujos contornos são por vezes cortados. Temática recorrente na sua prática são as várias peças constituintes do automóvel, sobretudo os pneus, que o artista pinta em grandes dimensões, acentuando muitas vezes o padrão deixado pela impressão da marca do pneu numa superfície.

O automóvel aparece, assim, na obra de Stämpfli, como iconografia da modernidade e imagem globalizada em que a nossa cultura se reconhece a si mesma, mas também como jogo de referências da própria história da arte, basta relembrar algumas experiências futuristas passando pela tradição figurativa dos surrealistas e artistas Pop, para percebermos a preponderância que esta máquina, que revolucionou os transportes terrestres, adquiriu, enquanto tema, nas práticas artísticas ao longo do século XX.

A escultura que o artista criou em 2004 para o 7º Simpósio Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso é herdeira desse legado que explora a iconografia do automóvel, neste caso em particular e mais uma vez, as texturas do pneu. Em síntese, estamos perante uma escultura-totem monocromática cuja superfície revela uma espécie de relevos pneumáticos ampliados e reproduzidos em todo o seu vulto redondo, representando um objeto, cuja dimensão abstrata, nos desperta, simultaneamente, estranheza e familiaridade.