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Sem Título, 2004
Peter Klasen
Ferro e betão
Peter Klasen foi uma figura chave na afirmação da Nova Figuração Europeia na viragem para a década de 60, quando a vitalidade vanguardista do gestualismo e expressionismo abstrato parecia esgotada. Herdeiro de jovens professores formados no espírito da Escola Bauhaus e do Expressinismo Alemão, Klasen encontra, na cidade de Paris, abertura e inspiração para começar a construir um percurso que, desde então, se tem formalizado em diferentes meios como a escultura, a fotografia ou a pintura. Porém, é através da colagem que o seu trabalho vai conhecer maior aprofundamento e radicalidade, seja com imagens fragmentadas, objetos ou documentos colados e compostos em suportes com escalas, cores e formatos diferentes.
Ao longo de toda a sua carreira vai desenvolver uma linguagem muito particular e de grande maleabilidade, explorando e reinterpretando uma iconografia baseada em signos gráficos sociais e urbanos da atualidade, de acordo com a tradição estética da Arte Pop. Simultaneamente, recorre com frequência a um universo imagético próximo das formas industriais, uma característica fundamental da sua obra, como acontece na peça que criou para o 7º Simpósio Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso, em 2004. Nesta proposta, Klasen perfilha algumas das estratégias Pop (preconizadas também por Claes Oldenburg): ampliação formal de elementos retirados do quotidiano, propondo novas relações de escala e convertendo esses elementos em autênticos ícones.
Assim, somos confrontados com um objeto que, embora os seus detalhes permitam identificar elementos mecânicos ou partes de um dispositivo eletrónico, na verdade, o seu desenho espacial mantém uma certa estranheza que fascina e eletriza. Estruturada formalmente em duas partes, uma pesada e terrena e outra aérea, colorida e delicada, a peça desenha um arco que oferece a aparência de uma arquitetura infantil ou de um gigantesco joguete lúdico-construtivo.