Leopoldo Maler nasceu em 1937, na Argentina, e licenciou-se em Direito na Universidade de Buenos Aires. Só quando se muda para Londres em 1961 é que começa a ter contacto com o mundo artístico, fazendo experiências com combinações de diferentes linguagens, integrando filmes em esculturas e instalações.

Curiosamente, a peça de Santo Tirso, intitulada “Diagonalmente correto”, é a primeira escultura monumental não figurativa do artista. Com uma estrutura geométrica muito simples, desenvolvida a partir de uma figura retangular parcialmente enterrada e seccionada em duas partes por uma curva sinuosa, constitui uma peça elementar dotada de um movimento interior harmónico e de uma graciosidade surpreendente. O peso da estrutura contrasta, por um lado, com a elegância das formas e, por outro, com o divertido jogo de cores que fazem da sua escultura um espaço afável e agradável para a contemplação.

Numa visão mais atenta, a linha ondulante que vasa o retângulo oblíquo semienterrado, permite a perfuração do nosso olhar em direção à paisagem envolvente onde não será difícil descobrir a sua imediata relação formal com o serpenteado que o Rio Ave esboça na superfície dos terrenos. Por conseguinte, estamos perante uma composição que, apesar de contrastar radicalmente com o seu lugar, quer pelo sensação de desequilíbrio provocado pela obliquidade ou pela excentricidade das cores contrastantes, abre-nos a possibilidade subtil de reenquadrar visualmente a paisagem envolvente, descobrindo relações íntimas com lugar que a acolhe, aparentemente invisíveis a um olhar desarmado.