“Sedimentação” é parte de uma série de trabalhos desenvolvidos nos últimos anos, por Jean Paul Albinet, em torno do triângulo temático que se constitui como um dos principais desafios do futuro: Arte – Natureza – Tecnologia. Obra singular no seu percurso, pela monumentalidade, apresenta um acumulado desordenado de embalagens de consumo quotidiano construído através de fragmentos de madeira. Tomando como referência os amontoados de lixo, Albinet coloca-nos perante um trabalho que, em tudo, questiona os modelos desenfreados de consumo numa sociedade globalizada denunciando a cultura do descartável e do desperdício. Um posicionamento que, por antítese, produz uma apologia aos modos de vida sustentáveis, ao equilíbrio dos hábitos alimentares e à gestão inteligente do lixo.

Desde há vários anos que as relações entre a arte e a indústria atravessam as principais preocupações artísticas de Albinet, por exemplo, em 1990 tornou-se o primeiro artista a assinar as suas obras com um código de barras (nº 337731), desenvolvido como uma identidade conceptual correspondente à sua inscrição CNUF (código nacional unificado de fornecedores) enquanto fabricante de obras pintadas e esculpidas. Simultaneamente símbolo gráfico e económico, representa para o artista, o sinal identitário da globalização, tornando-se um elemento preponderante na sua prática artística. Deste modo, apropriando-se dos métodos da indústria, Albinet desafia inclusive os próprios modelos de autenticação e legitimação das obras de arte, apresentando uma perspetiva crítica aos modos de funcionamento do sistema artístico.