A sua forma de geometria pura, pintada de vermelho, coloca em confronto o império da razão geométrica sobre a desordem natural, iniciando um diálogo intenso entre a beleza orgânica da vegetação, o monocromatismo da superfície e a perfeição formal da composição escultórica. De leitura vertical, esta obra, como o próprio título insinua, baseia-se no alfabeto coreano conhecido por Hangul, usado na Coreia desde o século XV. Este alfabeto é composto por 14 consoantes e 10 vogais, sendo os formatos de alguns carateres inspirados em representações gráficas dos órgãos utilizados no momento da fala (posição da língua, dentes e lábios), para referenciar apenas o caso das consoantes. Por outro lado, as vogais são inspiradas nas formas neo-confucionistas: homem – linha vertical; terra – linha horizontal; céu – um ponto.

Atendendo a todo este universo da escrita coreana, Chang-Jo, explora na tridimensionalidade algumas das simbologias do alfabeto, aliadas à radicalidade do rigor na construção, recorrendo a linhas simples, à forma geométrica pura e ao vazio como espaço de força própria e decisiva no equilíbrio da composição.