Ângela Ferreira
Moçambique, 1958
Ângela Ferreira nasceu em 1958 em Maputo, Moçambique. Em 1973 viajou para Lisboa onde viveu durante dois anos, testemunhando a revolução do 25 de Abril de 1974. Em 1975 mudou-se para a Cidade do Cabo, África do Sul, onde estudou escultura na Michaelis School of Fine Arts, concluindo o curso em 1981 e terminando o MFA (Master in Fine Arts), também em escultura, em 1983.
Lecionou na Cidade do Cabo e em Stellenbosch, na África do Sul, e no início dos anos 90 mudou-se definitivamente para Lisboa, onde atualmente vive e trabalha, sendo desde 2003 professora na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. O seu trabalho é fortemente marcado por uma dimensão política, especificamente pelo impacto do colonialismo e pós-colonialismo na sociedade contemporânea, através de uma investigação profunda realizada pela própria artista. Recorrendo frequentemente a estruturas e elementos arquitetónicos que conferem ao seu trabalho uma ambiguidade de relações formais e espaciais, a sua obra situa-se no cruzamento entre a ideologia do construtivismo russo (na relação entre as formas abstratas geométricas e a dimensão política) e a exploração de momentos marcantes da sua própria vivência pessoal, social e geográfica. Sendo a escultura a base da sua prática, a artista cria sobretudo instalações onde incorpora outros media para além dos objetos escultóricos (vídeos, desenhos, fotografia, textos) que aprofundam o significado de cada obra.
Expôs individualmente pela primeira vez em 1990 e desde então tem participado em inúmeras exposições individuais e coletivas em Portugal e no estrangeiro, destacando-se, mais recentemente, a individual “Messy Colonialism, Wild Decolonization”, Zona MACO SUR, México, em 2015. Representou Portugal na 52ª Bienal de Veneza, em 2007, e esteve presente na 28ª Bienal de São Paulo, em 2008. Tem também criado várias obras de arte pública, que seguem os mesmos pressupostos de todo seu trabalho. Destacam-se, para além de Sesriem – O poço das seis correntes, realizada para o 8º Simpósio Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso, em 2008, a escultura Rega, para o Parque Urbano Vila Nova da Barquinha, Almourol, em 2012, ou Entrer Dans la Mine, para a 3ª Bienal de Lubumbashi, República Democrática do Congo, em 2013.