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Capriccio, 1993
Amy Yoes
Mármore
Autora de uma obra multifacetada, Amy Yoes explora diversos media, como a instalação, pintura, vídeo, fotografia ou escultura, tendo realizado também alguns trabalhos de arte pública. A sua obra caracteriza-se ainda por um interesse pela linguagem decorativa e pelo espaço arquitetónico, recursos que explora nos variados trabalhos site-specific que tem vindo a realizar. Expondo individualmente desde meados dos anos 80, tem participado em inúmeras exposições individuais e coletivas, tanto nos Estados Unidos como na Europa, nomeadamente em Portugal.
Embora o seu trabalho mais recente apresente fortes ligações a novas formas de expressão, esta artista norte-americana mantém-se num estreito contacto com a tradição iconográfica europeia. A sua escultura, concebida no âmbito do 2º Simpósio Internacional de Escultura de Santo Tirso realizado em 1993, apresenta um pequeno muro que esboça uma forma elíptica, girando, ao mesmo tempo, sobre as suas volutas sendo rematada por duas ânforas clássicas assimetricamente aladas. A cor branca e rosa de toda a peça, característica do mármore do Alentejo, intensifica as formas arredondadas e suaves que juntamente com a presença destacada das ânforas aludem vertiginosamente ao mundo clássico, à casa romana, à decoração, ajudando a configurar um trabalho que se poderia enquadrar dentro de uma corrente pós-modernista, uma vez que oferece uma leitura moderna do passado, reformando a sua presença através dos símbolos paradigmáticos da sua história visual.
“Capriccio” possibilita-nos, ainda, uma experiência arquitetónica da escultura que gradualmente, pelo jogo dos espaços simultaneamente abertos e fechados, numa clara referência à dialética interior-exterior, nos transmite a ideia de uma casa primordial, de um espaço íntimo, afetuoso e transcendente, adornado por vasos alados que imediatamente nos remetem para a ideia de recipientes que conservam e transportam produtos sagrados como água, vinho, azeite, mel, cereais ou sementes.