10
Second Growing Pilar, 1993
Jorge Du Bon
Mármore
“Este mundo está incompleto, falta o que eu preciso. Os outros não me podem dar o que preciso. Só eu posso. Por isso eu sou escultor.” As palavras de Jorge Du Bon ajudam-nos a compreender a relação visceral que este artista mexicano manteve ao longo da vida com a sua obra. A sua formação diversa e internacional refletiu-se na sua atividade não só como escultor, mas também como arquiteto, urbanista e designer, bem como na propagação da sua obra por diversos países europeus e norte-americanos. As suas obras de escultura, realizadas sobretudo em pedra, metal ou madeira, revelam a preocupação do artista com a integração do seu trabalho no espaço, seja ele urbano ou natural, assim como com a sua ligação com a arquitetura envolvente.
O contributo deste artista mexicano, formado entre os Estados Unidos e a Europa, centra-se nos elementos básicos da modernidade e traz-nos, ao mesmo tempo, recordações longínquas de tradições totémicas, de imagens de poder e de religião. Uma coluna cinzenta em mármore, de formas retas e simples, ergue-se como um exemplo do que desde sempre se disse da escultura, da sua vocação de se dirigir a um diálogo aberto com os deuses. Esta obra é a mais próxima do monólito, da forma arcaica da comemoração, da necessidade de fazer com que a história nos recorde.
A execução do trabalho revela-nos à partida as intenções do autor: um bloco compacto com as dimensões máximas da escultura é esvaziado, eliminando tudo o que se considera desnecessário, para construir uma nova identidade no seu interior. Neste processo subtrativo vai surgindo no interior do bloco inicial uma coluna polida (em contraste com a rudeza do bloco exterior), de geometria perfeita que na sua desmultiplicação vai sofrendo um estreitamento no seu diâmetro. Uma evidência processual que em tudo nos lembra o exímio mestre do Renascimento – Miguel Ângelo – quando dizia que as figuras esculpidas já se encontravam aprisionadas no interior dos blocos de pedra e que precisariam apenas de serem libertadas pela mão do escultor.