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Arco voltaico, 1991
Manuel Rosa
Granito
“Arco voltaico” intitula o trabalho que Manuel Rosa concebeu no 1º Simpósio Internacional de Escultura realizado em Santo Tirso em 1991. Formado no curso de escultura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, integrou desde cedo a geração de escultores que redefiniram a prática escultórica portuguesa a partir dos anos 80. No jardim contíguo ao edifício principal da Câmara Municipal de Santo Tirso, Manuel Rosa propõe-nos uma composição simétrica de granito em tudo semelhante a um “pórtico” com duas formas aparentadas a bigornas sobre dois pilares, acentuando uma linha de fronteira, antes invisível, que é tangencial ao espaço em que a praça se determina para dar lugar à paisagem rural e montanhosa do Monte da Assunção.
Este “pórtico” é o que nos indica que ali se inicia qualquer coisa, que se procede à entrada (simbólica) noutro espaço.
A escultura de Manuel Rosa define como que uma rampa de onde o olhar se projeta, sinalizando a perspetiva que rasa o cume do monte abrindo-se para o céu, como se a sua ambição de espaço fosse ilimitado, existindo por conseguinte uma necessidade de relação com uma harmonia cósmica.
Num outro plano, o título escolhido pelo escultor português, reenvia-nos para todo um universo simbólico relacionado com uma descoberta técnico-científica: o arco voltaico (ou arco elétrico). Este fenómeno é resultante de uma rutura dielétrica de um gás a qual produz uma descarga similar a uma fagulha instantânea, resultante de um fluxo de corrente num meio isolante como o ar. O arco ocorre num espaço preenchido de gás entre dois elétrodos condutivos produzindo uma temperatura elevadíssima capaz de fundir ou vaporizar qualquer coisa. Numa visão comercial, arcos voltaicos são usados para soldagem, corte a plasma ou como lâmpada em projetores de filme e holofotes.