Marcelo Moscheta – Traslados

A exposição centra-se na produção recente de Marcelo Moscheta e envolve a relação do artista com o território português e as suas camadas ancestrais. Sempre fazendo referência à experiência do deslocamento corporal em contacto direto com o espaço percorrido, a proposta pretende cruzar noções de arqueologia e arquitetura que determinam a produção das obras do artista.

A proposta da exposição “Traslados” parte do princípio do deslocamento humano que, através do seus mais incipientes contactos, altera e ressignifica os lugares atravessados. De acordo com Francesco Careri, no seu livro Walkscapes – walking as an aesthetic practice “Ao modificar o sentido do espaço atravessado, caminhar torna-se o primeiro ato estético do ser-humano, penetrando os territórios do caos, construindo uma ordem, na qual se desenvolve a arquitetura dos objetos situados. Caminhar é uma arte de cujo seio brotam o menir, a escultura, a arquitetura, a paisagem. Esta simples ação deu origem às relações mais importantes que o ser-humano estabeleceu com a terra, o território.”

O artista desenvolve a sua investigação interessado na condição errante da humanidade e em como se dá a ligação entre o território e um corpo em constante movimento. Tendo a pedra como o principal testemunho das alterações causadas pelo constante trânsito, a superfície do mundo torna-se o seu campo de ação e a paisagem natural o seu local por excelência.

Francesco Careri, Walkscapes: Walking as an Aesthetic Practice (Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2013).