Creative (Un)makings: Disruptions in Art/Archeology

06/Mar/2020
a 06/Sep/2020

Creative (un)makings: disruptions in art/archaeology

March 6 to September 6, 2020

From the perspective of traditional cultural and academic disciplines, Art and Archaeology have maintained a comfortable relationship: collaboration, co-inspiration, and shared goals for advancing knowledge of human behavior and thought. Art/Archaeology, a new transdisciplinary practice, has fractured this perspective, and the exhibition Creative (Un)makings brings this disruption into the museum world for the first time.
Art/Archaeology argues that writing and thinking about the past must go beyond the usual boundaries of both disciplines, and that creative work should take the place of written texts and lectures. It opens a new space where creative practice, thought, and debate expand in unexpected directions—where we discover new potentials for objects of the past.

Creative (Un)makings: Disruptions in Art/Archaeology presents this new approach to the past through three thought-provoking installations. The first, Releasing the Archive, features photographs and videos aimed at turning inside out the standard values used by museum and institutional collections to preserve historical objects and images. The second installation, Beyond Reconstruction, presents a matrix of ceramic fragments resulting from the construction/deconstruction of a figure; it also includes documentary photographs of the process, highlighting the limits of archaeological reconstruction and opening up a broader creative space. The third installation, Ineligible, uses artifacts from an excavation in San Francisco as raw material for creating new artworks that prompt museum visitors to reflect on contemporary political and social issues such as homelessness and income inequality.

Sobre

Releasing the Archive

Em Releasing the Archive, Doug Bailey viola as regras normais às quais os museus, as universidades e as instituições culturais devem obedecer quando preservam e protegem objetos e imagens. A instalação é um registo da destruição feita por Bailey de mais de mil transparências guardadas numa coleção antropológica da universidade onde trabalha. O arquivo original incluía transparências de estudos eticamente questionáveis sobre etnia, sexualidade, dissecação animal e reprodução humana. Bailey acredita que cada pessoa capturada nas imagens está viva, mas encurralada no arquivo da sua instituição e nas próprias transparências. Como reação contra os estudos questionáveis e o encapsulamento das pessoas nas imagens, Bailey encharcou os diapositivos em oxicloreto de sódio. O resultado foi a libertação química das pessoas aprisionadas, assim como a criação de imagens assustadoramente poderosas. As fotografias na instalação mostram transparências antes e depois da libertação das pessoas encurraladas; os vídeos registam os momentos dessas libertações. O conjunto de imagens é deslumbrante: esteticamente bonito e uma violação dos padrões de cuidado dos curadores.

 

Curador

Álvaro Moreira

Museu Internacional de Escultura Contemporânea

Beyond Reconstruction

Em Beyond Reconstruction, Sara Navarro começou com uma figura antropomórfica do Neolítico do Leste da Europa, removendo-o do seu contexto arqueológico. Neste trabalho, Navarro não está interessada na literatura científica acerca do artefacto. Em vez disso, a sua intenção era observar a figura, levando em consideração as suas características latentes: forma, escala e material. Mantendo a forma e o material (argila) inalterados, Sara Navarro ampliou drasticamente a figura, alterando radicalmente a escala do objeto. Na segunda fase do trabalho, o objeto ampliado foi sujeito a um processo de desconstrução: fraturando a figura em múltiplos fragmentos através de uma extensiva série de cortes do objeto. A instalação inclui o registo fotográfico destes processos, assim como o conjunto de fragmentos de argila que resultou do mesmo. Beyond Recostruction questiona as nossas premissas habituais sobre os processos de construção e de desconstrução, bem como as de impossibilidade de reconstrução.

 

Curador

Álvaro Moreira

Museu Internacional de Escultura Contemporânea

Ineligible

Desde 2010-2012, os arqueólogos em São Francisco levaram a cabo escavações no centro da cidade para posterior construção de uma grande estação de autocarros e comboios. A escavação recuperou muitos milhares de artefactos. Enquanto estes foram alvo dos conjuntos de análises e das interpretações habituais, o artista/arqueólogo Doug Bailey conseguiu um grande número de objetos, o que lhe permitiu desenhar um projeto para testar os limites colaborativos entre os artistas e os arqueólogos. Em colaboração com a escultora Sara Navarro, Bailey enviou artefactos a artistas, arqueólogos e outros criadores. O requisito para as pessoas fazerem um trabalho criativo foi a sua utilização não como objetos históricos, mas como se fossem matérias-primas (como pigmento ou argila), redirecionando os materiais para a criação de novas obras de arte que estimulassem as perguntas e pensamentos dos visitantes acerca de assuntos políticos e sociais da sociedade contemporânea. Para as pessoas a trabalhar em São Francisco, esse assunto poderia ser os sem-abrigo ou a desigualdade salarial; para pessoas a trabalhar noutro lugar, diferentes questões locais, regionais ou nacionais poderiam ser mais relevantes (como por exemplo a posição dos imigrantes ou refugiados na sociedade). Ineligible é uma seleção do resultado dos trabalhos que foram realizados.

 

Curadores

Doug Bailey, Sara Navarro

 

Participantes

Thomas Andersson, Doug Bailey, Jéssica Burrinha, Simon Callery, João Castro Silva, Shaun Caton, Rui Gomes Coelho, Jim Cogswell, Tiago Costa and Daniel Freire Santos, Ilana Crispi, Patrik Elgström and Jenny Magnusson, Dov Ganchrow, Stefan Gant, Cornelius Holtorf with Martin Kunze, Alfredo González-Ruibal and Álvaro Minguito Palomares, Cheryl E. Leonard, Nicola Lidstone, Marko Marila and Tony Sikström, Alison McNulty, Daniel V. Melim, Colleen Morgan, Sara Navarro, Jana Sophia Nolle, Laurent Olivier, Luisa da Rocha, Filomena Rodrigues, Suvi Tuominen, Ruth M. Van Dyke, Valter Ventura, Vanessa Woods

 

Créditos Fotográficos

Shelter Nº. 365, Jana Sophia Nolle, 201

Creative (un)makings: disruptions in art/archaeology

Conferência Internacional

7 de março 2020

Museu Internacional de Escultura Contemporânea

Organização: CMST | Museu Internacional de Escultura Contemporânea

Coordenação Cientifica: Doug Bailey e Sara Navarro

 

14:30

Art/Archaeology: Releasing the Archive and the Ineligible project

Doug Bailey

Universidade de São Francisco, EUA

Esta apresentação descreve os alvos, objetivos e processos que estão na origem de duas das instalações em exibição no MIEC: Releasing the Archieve e Ineligible. O enfoque será a forma como os artistas, arqueólogos e outros se encontram a trabalhar em territórios novos, excitantes e desconhecidos, nos quais a arte/arqueologia descarta os requisitos, expectativas e resultados comuns do tradicional trabalho arqueológico.

 

15:00

Finding a foothold: strategies for creating with found objects

Dov Ganchrow

Academia de Artes e Design de Bezalel, Israel

Muitos indivíduos criativos fazem uso de objetos encontrados quando produzem algo novo; no design, na arte, no artesanato ou na improvisação. Nesta perspetiva, um objeto encontrado seguirá a definição de um objeto, habitualmente feito pelo homem, e quase sempre propositadamente modificado ou manipulado de forma a incitar novo significado e reflexão. Iniciar uma nova criação quando confrontado com uma tela em branco ou um objeto do dia-a-dia pode ser assustador, senão mesmo completamente intimidatório. Onde/como começar? As estratégias para superar este obstáculo são frequentemente focar-se numa característica específica do objeto encontrado, tal como o material, a estrutura, a cor, a forma, a função, o contexto, etc. Esta apresentação terá o olhar direcionado para casos de estudo em estúdio, incluindo o trabalho feito para o Ineligible, de forma a ilustrar vários pontos de abordagem aquando da criação com objetos encontrados.

 

15:30

Contact paintings

Simon Callery

Artista Independente, Reino Unido

Quando Simon Callery trabalha em conjunto com arqueólogos, ele pretende que as suas pinturas sejam uma resposta o mais direta possível à materialidade do sítio. A trabalhar durante as últimas duas temporadas em sítios arqueológicos da Idade do Ferro na Grã-Bretanha, Simon tem vindo a desenvolver o que ele chama “pinturas de contacto”. Uma estratégia foi desenvolvida para que todas as decisões e todas as ações necessárias para a realização das pinturas sejam levadas a cabo no sítio e nas mesmas condições dos arqueólogos em escavação. Simon gostaria de traçar o seu caminho através da fotografia, da moldagem, da pintura em estúdio, e desenho nesta nova forma de trabalhar e as suas implicações na pintura contemporânea de paisagem.

 

16:00

We don’t break through the surface

Patrik Elgström and Jenny Magnusson

Artistas Independentes, Suécia

Patrik Elgström e Jenny Magnusson discutem a sua contribuição para Ineligible. Eles assumiram a “tarefa” manipulando e tratando o conjunto que receberam como se fosse uma caixa simples. Eles ainda não abriram a embalagem; em vez disso, usaram-na como superfície para projeções dos seus pensamentos e ideias. Quanto tempo é possível conter o desejo de abrir esta caixa de artefactos arqueológicos? Numa série de ações, Patrik e Jenny colam imagens da caixa em relação à arquitetura e à gentrificação em curso, com o objetivo de reler o espaço urbano. Ao fazer isso, “eles não irrompem a superfície”.

 

16:30

Collaborative bodies in the (un)making

Suvi Tuominen

Universidade de Artes de Helsínquia, Finlândia

A apresentação discute a minha performance ao vivo Audactiv e analisa profundamente o (des)fazer de corpos carnais, arqueológicos e outros corpos materiais. A performance explora a forma como os corpos co-criam uma colagem ao vivo, e ativamente procura modos de evocar a imaginação dos espectadores que se deparam com a peça. Desta forma, a performance desafia o conceito de corpos arqueológicos (ambos humano e inanimado) como traços estáticos ou representações de um passado vivido.

 

17:30

Homelessness in the Living Room

Jana Sophia Nolle

Artista Independente, EUA, Alemanha

Quão determinante é o lar de alguém, quer seja uma casa ou uma tenda, como fator de seleção do seu grupo social? Que tipo de materiais poderia alguém recolher para construir um lar temporário na berma da estrada se ficasse sem casa? A artista visual alemã, Jana Sophia Nolle, irá abordar essa e outras questões na sua apresentação. A sua prática artística reflete o fascínio com a mudança social, a desigualdade, e indivíduos que se encontrem em transições sociopolíticas. Os seus mais recentes projetos (Living Room, São Francisco, 2017/2018 e Shelter Nr. 365, 2019) focam-se em problemáticas como falta de habitação, gentrificação e sem-abrigo. Nolle irá providenciar uma visão geral acerca do seu trabalho e dos seus métodos.

 

18:00

On the aesthetic in art/archaeology

Marko Marila

Universidade de Helsínquia, Finlândia

Esta apresentação diz respeito a The Hum, peça de Marko Marila e Tony Sikström, e explora a estética no contexto da arte/arqueologia. O conceito de transdução é usado para referir a um processo sobre-epistemo-estético de interpretações pluralizadas à luz das quais os objetos de arte/arqueologia são ambos representações e traduções dos materiais e processos que estes redirecionam. Um processo estético, por um lado, a transdução também se refere ao processo de produção de conhecimento e ao papel e relevância da incerteza e especulação como qualidades valiosas desse processo.

 

Inscrições gratuitas através de museus@cm-stirso.pt ou 252 830 410.

Imagens da exposição