O TEMPO E AS FORMAS

JÚLIO RESENDE, ANOS 50

7 DEZ 24 FEV

A exposição – O Tempo e as Formas. Júlio Resende, anos 50 –, permite percecionar e experienciar o carácter dinâmico da história, na medida em que a sua revisitação leva a que experiências fundamentais da temporalidade humana, uma vez questionadas, se transformem numa narrativa fundadora, constituindo um discurso que, a cada atualização, configura novas perceções do passado, do presente e do futuro. Neste contexto, a presente exposição reveste-se de um valor inalienável, onde se consolidam identidades – “lugares de memória” –, de função integradora e identitária que sabemos não terem sido indiferentes a Júlio Resende, que neles percebeu os sinais de um traço existencial, refletido nas rotinas diárias e na relação seminal dos homens com a terra, que nos permite fundar uma energia projetiva, a partir da qual se interpela o presente e projeta o futuro.

A seleção de desenhos que agora se apresenta, maioritariamente datados do final da década de cinquenta do século XX, cuja redução cromática à referência mínima do preto e branco, enfatiza a harmonização do real com o abstrato, proporcionando uma visão mais depurada e impressiva das problemáticas conceptuais que sempre inquietaram o artista e revelam alguns dos traços mais significativos da sua produção, nomeadamente da representação figurativa onde as formas, através de uma forte depuração da composição, de filiação minimalista, assumem uma métrica poética, na procura de uma dimensão metafórica que se estrutura numa linguagem estética que reflete um sistema no qual o desenho é, fundamentalmente, a expressão de uma representação simbólica.

(folha de sala)